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Niterói nega aplicação de vacinas vencidas e alega que houve erro de digitação

Publicada às 18h06 / atualizada às 20h37

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|  Foto: Foto: Governo do Estado
Prefeituras analisam aplicação de vacinas da Astrazeneca em abril. Foto: Govd RJ

Das 26 mil doses da vacina AstraZeneca aplicadas com o prazo de validade vencido no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados pela imprensa paulista, 20 foram em Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Prefeituras, no entanto, negam a aplicação de imunizantes vencidos e justificam que houve erro de digitação.

Em São Gonçalo, 11 doses foram administradas no Polo Sanitário Hélio Cruz, em Alcântara, duas no Polo Sanitário Washington Luiz, no Zé Garoto, e outras duas no Regional Dr. Augusto Senna, no Rio do Ouro.

Já em Niterói, o Ministério da Saúde informa que quatro doses foram aplicadas em moradores da cidade. Duas na Policlínica Regional do Barreto Dr. Joao Da Silva Vizella, uma na unidade Dr Sergio Arouca, no Vital Brasil, e uma na Policlínica Comunitária de Itaipu, na Região Oceânica. Outra dose também foi utilizada em Itaboraí. Os imunizantes foram administrados em abril, de acordo com o Ministério da Saúde.

Na cidade do Rio, 6º lugar no ranking dos lotes fora da validade, foram mais de 600 doses aplicadas em diversos bairros e unidades de vacinação. A secretaria de Saúde do município do Rio respondeu que a secretaria Municipal de Saúde recebeu todos os lotes de vacinas do Ministério da Saúde dentro do prazo de validade e os distribuiu imediatamente para as unidades de saúde. A pasta diz que está sendo verificado se de fato houve alguma aplicação de doses após o vencimento. Caso isso tenha acontecido, a unidade entrará em contato com os usuários para realizar a revacinação.

A saúde do Rio informa ainda que para os casos suspeitos de vacinação fora da validade, com data da aplicação da vacina, data de nascimento e primeiros dígitos do CPF das pessoas vacinadas, podem ser consultados no link https://coronavirus.rio/wp-content/uploads/2021/07/casos_em_investigacao_02072021.pdf

A pasta solicita ainda que quem estiver na relação pode aguardar o contato da equipe de saúde ou, se preferir, procurar a unidade em que se vacinou na segunda-feira (5), a partir das 11h, para verificar se houve um erro no registro, que será feito o ajuste. Em caso de constatação de que recebeu de fato dose vencida, será realizada a revacinação.

Especialista

Segundo o infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edimilson Migovski, não há estudo clínico sobre a aplicação de vacinas vencidas, mas que, neste caso, não há necessidade de correria aos postos para se reimunizar.

"Não temos dados sobre vacinas vencidas, mas neste caso, como a data de validade pode ter sido muito próxima, pelo fato da fabricação das vacinas serem recentes, não há porque ser comunicado de novo. Isso porque quando vence o prazo que está no papel, certamente ainda terá um resquício de vacina capaz de causar uma resposta imune."

O mesmo discurso é dito pelo também infectologista da UNIRIO e residente na UERJ, José Pozza Júnior. Segundo o especialista, não há riscos para quem recebeu o imunizante fora do prazo de aplicação.

"O maior complicador no caso de receber uma vacina fora do prazo de validade é não fazer o efeito esperado. Tem que levar em consideração o prazo na teoria desse vencimento, porque o período de validade é encurtado pra ter uma margem de segurança. Se essas vacinas foram aplicadas próximas ao período de vencimento, mesmo que já tenha passado, mas não é um período muito grande, provavelmente elas ainda conservavam algum potencial de imunização sim", explica.

Segundo o Ministério da Saúde, o ideal para os casos de doses administradas muito tempo fora do prazo de validade é de 28 dias após a imunização. 

A prefeitura de São Gonçalo informa que a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil vai checar o que aconteceu com as respectivas doses (15 de um único lote) e que caso seja comprovado que houve aplicação de doses vencidas, o município irá procurar as pessoas vacinadas e tomar as medidas necessárias para garantir o processo de imunização das mesmas.

Já a Prefeitura de Itaboraí afirmou que a Secretaria Municipal de Saúde está apurando o caso e esclarece que todos os imunizantes são conferidos quanto à validade antes de serem encaminhados às unidades de vacinação. Outra prefeitura que também seguiu no mesmo posicionamento foi a administração de Maringá, no Paraná.

A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói esclarece que não houve aplicação de vacinas fora da validade na cidade. Segundo a pasta, o lote 4120Z005 da vacina AstraZeneca com validade para 14/04/21 foi totalmente distribuído e usado no mês de fevereiro, dentro do prazo de validade.

Fiocruz

A Fiocruz, que produz o imunizante britânico a partir de insumos importados, esclarece em nota que o de os lotes não foram produzidos pela instituição. O órgão diz que parte dos lotes (com numeração inicial 4120Z) é referente aos quantitativos importados prontos do Instituto Serum, da Índia, chamada de Covishield, e entregues pela Fiocruz ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (MS) em janeiro e fevereiro deste ano. Os demais lotes apontados foram fornecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).

A fundação esclarece ainda que todas as doses das vacinas importadas da Índia (Covishield) foram entregues em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o ministério da Saúde, de modo a viabilizar a antecipação da implementação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, diante da situação de pandemia. A Fiocruz diz ainda que está apoiando o PNI na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsidiar as orientações a serem dadas pelo Programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida.

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